Tenho tendência a perder-me em fantasias, em sair do frio real e entrar no calor imaginário, onde a minha cabeça dita os acontecimentos, as acções, as palavras, e as ilusões. Dou por mim a andar na rua, embora no meu mundo esteja num sítio diferente, com pessoas diferentes, é Outono, está um sol tímido e uma aragem que traz consigo o cheiro quente de castanha assada. Até que pestanejo, tropeço e começo a cair como se me puxassem um tapete debaixo dos meus pés, até que de repente sinto um calor na minha mão esquerda e logo a seguir sinto esta a ser puxada por outra mão de forma a não cair. À medida que me puxas para cima para não cair, puxas-me para perto de ti, e eu, inconscientemente, vou ao teu encontro, até que a minha mão direita aterra no teu peito e a tua mão esquerda segura-me pela cintura enquanto os dedos da tua mão direita entrelaçam-se com os meus da minha mão esquerda. Consigo sentir cada malha do teu casaco, suave, caloroso e aconchegante, como tu. Ao recuperar o equilíbrio o vento começa a soprar, franzo os olhos enquanto te subo ao encontro dos teus olhos, quando se cruzam, por instinto e quase em uníssono sorrimos, triangulamo-nos, pestanejamos, aproximamos, beijamos à medida que as folhas de Outono seguem lentamente a sua marcha em direcção ao solo, e por fim, abraçamos.
...and you may not think that I care for you
when you know down inside that I really do...