sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A MARca


Todos nós amamos, é-nos inato, está-nos no ser, enraizado até ao mais profundo, ao cerne, do nosso ser. Há quem diga que amar é dar o melhor de nós a outro, e vice-versa, no entanto, eu não acredito nisso, há que mostrar o bom e o mau. Há dias em que sinto marcado, sujo, porco. Como se tivesse uma camada de sujidade por cima de mim, uma mescla de ranho verde viscoso com petróleo que agarra à pele e não larga, e que por mais que eu me lave o meu corpo continua a excretar essa mescla verde e preta, com cheiro a podridão que se entranha nas narinas e faz a pessoa à minha frente vomitar, adicionando mais uma camada de cores, texturas e cheiros, nojentos. Como é possível algo tão feio amar, quanto mais ser amado quando está assim tão marcado?

Amar não é difícil, permitirmo-nos a, é.


E eu, permito-me.

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